SEATTLE

Seattle - The Emerald City

No fim das minhas férias, fui tomar café com uma amiga e este simples encontro trouxe-me uma revelação inesperada. No meio da nossa conversa, estava a mostrar-lhe as fotos que tinha tirado durante as férias com o meu telemóvel.

Não foi a única a perguntar-me : "Como assim?! Vais a Seattle e Não tiraste fotografias com a câmera?!"

Mas no final de contas sei quem ficou mais surpreendida, se a minha amiga ao saber que as fotos tinham sido capturadas com um “simples” telemóvel, se eu ao tomar consciência do que realmente me aconteceu durante as férias...

Mas Rita, só há mesmo fotos de telemóvel?!

Durante estas férias, decidi deixar para trás não apenas o meu escritório, mas também o meu equipamento fotográfico. No entanto, a fotógrafa que está dentro de mim não foi de férias... E registou tudo através da câmara do telemóvel.

A fotógrafa que surgiu nas férias foi uma versão diferente de mim, uma Rita que eu ainda não tinha percebido de forma consciente (e que espero conseguir integrar mais vezes no meu dia-a-dia).

Captei os momentos, os meus e do Miguel, com uma leveza e presença que raramente me permito no meu trabalho quotidiano.

Na altura, pensei que era a ausência do peso dos equipamentos (porque digo-te, viajar de máquinas + lentes atrás cansa!) que me trouxe essa leveza, mas depois percebi que a questão não era o peso físico... Era uma leveza mental. A minha perspetiva e a minha predisposição é que estavam diferentes, porque sentia que "não estava" a trabalhar, mesmo estando a fazer exatamente o mesmo que faço quando estou a trabalhar.

A ironia, a leveza.

O que quero dizer com isto é que não é o equipamento que faz o fotógrafo (porque, como devem calcular, usar um telemóvel, mesmo que muito bom, dificilmente se compara aos resultados obtidos por uma máquina fotográfica). E a minha amiga (eu sei que ela não me vai levar a mal dizer isto), dificilmente, usando exatamente o mesmo telemóvel, obteria os mesmos resultados.

Porque o conhecimento, a técnica, os enquadramentos, a sensibilidade para a iluminação, o olhar criativo, tudo isso está dentro da pessoa.

Tudo isso estava dentro de mim enquanto percorria as ruas de Seattle, mesmo eu não tendo o "equipamento" de fotógrafa comigo.

Espero conseguir levar para o meu trabalho diário a leveza e a espontaneidade que redescobri nas férias. Porque, afinal de contas, a verdadeira essência de ser fotógrafa reside em mim – e em como vejo o mundo – e não nas ferramentas que utilizo para expressar essa visão.

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